Na Tv É Sempre Mais Fácil
Tinha eu 18 anos quando me deu para fazer uma parvoíce.
Entrei no prédio onde morava e dou de caras com uma carta, para o meu vizinho do lado, um bocado fora da caixa do correio. Vi que o envelope era da Telecom, mas diferente do habitual. Para começar era maior e também se notava que tinha mais que uma folha.
Fiquei a arder de curiosidade, e resolvi surripiar a carta para a abrir de forma discreta com a intenção de a devolver como se nada se tivesse passado.
Até nem sou uma pessoa muito curiosa, mas não sei por quê aquilo mexeu comigo.
Farta de ver em filmes e séries na tv abrirem envelopes com vapor de água, achei que seria fácil, mas estava enganada.
Coloquei uma cafeteira ao lume com água e, quando começou a ferver, aproximei envelope do vapor. No entanto, aquilo teimava em não descolar, por mais que eu insistisse. Mas a minha surpresa maior foi quando virei o envelope ao contrário e reparei que a janela do mesmo estava completamente destruída, toda encarquilhada e chamuscada.
Como já tinha chegado tão longe, e não podia voltar atrás, abri o envelope à má fila e... fiquei na mesma. Era uma banal conta do telefone. Não entendi por que é que o envelope era maior nem porque é que tinha mais uma ou duas folhas.
Colei aquilo o melhor que pude e devolvi-o à caixa do correio.
O vizinho deve ter achado estranho receber um envelope que parecia ter andado na batalha do Salado, mas como era um tipo antipático a quem, de vez em quando, os amigos dos filhos e até os colegas de trabalho pregavam partidas, não tinha como saber quem tinha feito tal coisa.