Fiz o 5.º e o 6.º Ano numa escola longe de casa. Havia uma escola preparatória perto, mas não sei porquê as crianças daquela freguesia eram enviadas para uma escola distante. No meu caso, eram oito paragens de autocarro e havia miúdos que vinham de mais longe. Na época não ligávamos a isso e lembro-me que só houve uma vez que a situação me pareceu estranha porque um colega, da minha turma, apontou para um prédio em frente à escola, disse que morava ali e que só podia andar naquela escola porque o encarregado de educação era o avô que morava mais longe.
Felizmente, o meu horário coincidia com o de uma vizinha e, muitas vezes, iamos juntas. Sempre era mais agradável ter companhia. Pelo menos na maioria das vezes ficava satisfeita por ir com ela. Nas outras vezes, eu ficava à beira de um ataque cardíaco.
O problema eram os dias de teste, mais concretamente os dias em que ela tinha testes porque resolvia acender uma vela à Nossa Senhora de Fátima para ter positiva, e fazia-o à última da hora. O meu medo era chegar atrasada às aulas. Se a escola fosse perto, era uma questão de dar uma corrida e pronto, mas estávamos dependentes de um autocarro que também se podia atrasar, podíamos apanhar muito trânsito, ou haver um acidente, etc.
Eu dizia para ela se despachar e ela ainda estava à procura da vela, e dos fósforos, e daquela treta toda. Basicamente, não estudava e depois achava que a Nossa Senhora lhe ia resolver os problemas.
Nunca lhe disse o que pensava do assunto, sempre respeitei as crenças dela, apenas tentava apressá-la.
Acabou por chumbar e antes disso partiu um braço.